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Coleção Disquinho

Publicado no Caríssimas Catrevagens

“COLEÇÃO DISQUINHO” FAZ 50 ANOS – AQUELES COLORIDOS, LEMBROU?

Quem foi criança nas décadas de 60 e 70 há de se lembrar da “Coleção Disquinho” da gravadora Continental. Eram disquinhos de vinil, super compactos, super coloridos e com estorinhas super maneiras baseadas nos contos de fada, fábulas, cultura popular, cantigas de roda e festas típicas. A meninada se deixava seduzir por todas aquelas estórias, especialmente, com o tom colorido dos tais disquinhos. Tinha de toda cor: verde, amarelo, roxo, azul, vermelho, rosa, azul claro… Um charme! Essa coleção fez parte da fantasia de muitas gerações de brasileirinhos e brasileirinhas… A Coleção Disquinho, neste ano de 2010, está fazendo 50 anos. Meio século de encantamento e fantasia… Brinque meu bem?
Quando escutamos falar na Coleção Disquinho, o nome do compositor Braguinha (João de Barro) vem a reboque. É praticamente impossível dissociar uma coisa da outra. Pois foi ele quem idealizou e produziu “carinhosamente” essa coleção. As estorinhas e canções eram interpretadas por atores de rádio-teatro do Rio de Janeiro. E cada disquinho possuía uma ficha técnica de causar inveja… Já imaginaram um compacto simples com canções do Braguinha, arranjos de Radamés Gnatalli e personagens interpretados por vozes melodiosas dos atores/atrizes da era do rádio? Um verdadeiro tesouro da nossa infância!
A história da charmosa Coleção Disquinho possui dois momentos – bem – distintos. O primeiro momento foi em 1939, quando Braguinha lançou o primeiro disco infantil: “Branca de Neve e os Sete Anões”. E esta estória foi gravada com as vozes de nada mais, nada menos, que: Carlos Galhardo, Dalva de Oliveira e os Trovadores (É mole? Ou quer mais?). E tudo isso com a direção musical do já citado Radamés Gnatalli. Depois veio uma coletânea de cantigas de roda e outras tantas adaptações de estórias infantis: Chapeuzinho Vermelho, A Formiguinha e a Neve, História da Dona baratinha…  E os até então, “discões” infantis, fizeram o maior sucesso. Até porque naquela época não existia nada parecido pras crianças nesse gênero. Neste primeiro momento, as gravações foram feitas naqueles discos de 78 rpm, cor de breu, pesadões e totalmente quebráveis.
No ano de 1960 acontece o segundo momento da Coleção Disquinho. É nessa fase que a coleção assume o formato de compacto simples e apresenta-se super colorido, encantando a meninada dos anos 60 até o iniciozinho dos anos 80. Nesse período, Braguinha dividiu espaço na produção dos disquinhos com as amigas Elza e Silvia Helena Fiúza. Foram ao todo 70 lançamentos, entre contos de fada, fábulas, estórias da Disney, cantigas de ninar, de roda, de natal, entre tantas outras… A narração das estórias era feita, na maioria das vezes, por Sonia Barreto e as personagens, falas e cantigas, ao longo da década, foram interpretadas pelo Teatrinho Disquinho. Essa coleção foi um verdadeiro marco de produção e de qualidade musical direcionada às crianças. Algo inovador e totalmente pioneiro para época. Foram mais de 5 milhões de cópias vendidas entre o início dos anos 60 e o início dos anos 80.
Geeente!!!! Não tem como não se emocionar ao ver essas capinhas antigas e esses disquinhos coloridos. É um verdadeiro resgate à memória, de nossas vivencias infantis. E como não é segredo para ninguém… Sou um saudosista assumido! E tudo nessa coleção tem sabor de saudade para mim.
A Coleção Disquinho também lançou clássicos da Disney. A Branca de Neve e os Sete Anões foi um deles. Aqui pra nós, nunca fui com a cara da Branca de Neve. Tomei antipatia por ela e pelos sete anões… Assim, de graça! Enquanto meu irmão gostava da “branquela” de neve, eu era apaixonado mesmo, era pela madrasta dela. Era mais divertida! Miacabaaaaaaava com a voz da personagem! Por mais que ela fosse à vilã da história, torcia por ela! Sempre gostei das mulheres “ditas” erradas mesmo… Acho que era o estilo, a voz e a postura da madrasta que me encantava, pode? Vai entender….
Ontem, eu e meu sobrinho de seis anos, tiramos o dia pra escutar as estorinhas dessa coleção. Escutamos: A Festa no Céu, O Burrinho Tró-ló-ló, o Macaquinho Travesso, a Galinha Ruiva, a História da Baratinha, a Moura Torta, o Soldadinho de Chumbo… E tantas outras. Confesso: Foi uma experiência incrível, tanto para mim, quanto para ele! E ao escutar novamente todas essas estorinhas, foi como voltar no tempo e sentir o cheiro da minha infância. Cheiro e sabor de um tempo que não volta mais… Mais o melhor de tudo mesmo, foi constatar que esses disquinhos podem ser passados para as gerações seguintes. Pelo menos o meu sobrinho adorou! (…e eu, por um momento, cheguei a pensar que ele fosse achar tudo isso meio bobo. Que nada!).
Era bastante comum nossas professoras – do grupo escolar – levarem aquelas vitrolinhas pra sala de aula e passar os tais disquinhos pra gente escutar. E tudo virava uma festa! Naquela época, a Coleção Disquinho, através de suas narrativas, era um excelente estímulo para a imaginação, pois as crianças precisavam criar todas as cenas na cabeça. Ah! Mas isso foi  numa linda época, onde o tempo corria mais devagar e nós costumavamos apreciar as coisas simples com a curiosidade própria da infância. E tudo com uma certa dose de inocência.
E o mais engraçado ainda foi perceber que “algumas estórias” possuem traços claros daquilo que chamamos hoje de politicamente incorreto. Nessa estória da Dona Galinha e seus Pintinhos, ela abandona seus ovinhos e vai linda pra “balada”. E ao retornar, descobre que os pintinhos já tinham nascido… E onde estava ela? Na balada meu bem! No mínimo seria processada por abandono das crias… E o caso do burrinho tró-ló-ló? Onde todos tiram sarro de seu rabinho… É um tremendo Bullyng para os dias atuais! Enfim, eu cresci escutando todas essas estórias e não me deixei influenciar negativamente. Vai ver naquela época havia mesmo, a determinada dose de inocência que, infelizmente, desapareceu com o correr dos anos. Então o que será que mudou na nossa sociedade de lá pra cá?
Entre o ano de 2001 e 2002,  a Warner Music  lançou uma Coleção remasterizada com 50 histórias da Coleção Disquinho. Não deu prá quem quiz meu bem! Em pouquíssimo tempo, logo após o lançamento, os mais de 10 mil CDs estavam esgotados. Mas agora, ao completar meio século de aniversário, espera-se que surja alguma novidade por parte das gravadoras. E que essa Coleção Disquinho, seja eterna na memória dos brasileirinhos e brasileirinas. E que venha o cinquentenário, o centenário… Enfim, Coleção Disquinho, uma obra prima da cultura infantil Brasileira.
download da coleção aqui
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